segunda-feira, 25 de maio de 2009

PROPOSTAS PEDAGÓGICAS MAIS COMUNS NAS ESCOLAS DE HOJE

((depoimento da Heloisa) 

"Logo que soube do curso, tive certeza de que queria fazer. Nem questionei se era o momento ou não, se era cedo ou não... Eu sempre tive interesse pelas Línguas e, conseqüentemente, pelo processo de aprendizado delas. Retomei a faculdade de Letras, Português (depois de uns anos trancada por conta da gravidez e da maternidade) e, não só por isso, tudo o que é relacionado, principalmente à nossa Língua, me atrai naturalmente.

No começo da faculdade, cheguei a trabalhar como voluntária numa creche da prefeitura, justamente com aulas de reforço para as crianças com dificuldades na fase de alfabetização. A pedagoga respondável por essas aulas seguia a linha da Emilia Ferrero. Eu era muito menina na época e nem me aprofundei muito no conhecimento teórico do assunto. Acabei largando o voluntariado, mas a experiência me marcou bastante, também pela percepção de que o processo de alfabetização é algo muito complexo, que envolve o caminho de cada criança, as particularidades que cada uma delas carrega e que, portanto, é algo a ser tratado com muito cuidado, atenção, curiosidade, carinho.

Acho que mesmo se eu não fosse mãe, em algum momento eu teria a vontade de saber mais sobre esse assunto. Sendo mãe, tenho a certeza de que tudo o que recebemos de informação nessas aulas, tudo o que trocamos, discutimos e refletimos, continuará comigo daqui pra frente e durante todo o processo de alfabetização/letramento da minha filha. E ter feito o curso nesse momento, sem dúvidas me proporcionará uma visão muito mais ampla e profunda desse processo.

Além do que, acredito que passarei a enxergar o mundo das letras e das palavras de uma forma nova, ainda mais especial do que já enxergava...".

PROPOSTAS PEDAGÓGICAS MAIS COMUNS NAS ESCOLAS DE HOJE

por: Heloísa Vianna

mãe da Ana, Turma 1

(trecho do texto de Norma Leite Brandão, Pedagoga e Educadora da VERCRESCER assessoria educacional)

Linha Tradicional

Essa proposta de ensino privilegia o conteúdo. É centrada na figura do professor, encarregado de transmitir o conhecimento. O aluno é um elemento passivo, que recebe e assimila o que é transmitido.

O seu sistema de avaliação mede a quantidade de informação absorvida. A ênfase está na memorização e na reprodução do conteúdo por meio de exercícios. Privilegia a preparação para o vestibular desde o início do currículo escolar.

Essa linha de ensino difundiu-se no século XVIII, a partir do Iluminismo, e tinha por objetivo universalizar o acesso do indivíduo ao conhecimento. Foi considerada não-crítica e ultrapassada nas décadas de 60 e 70, mas ainda tem prestígio. Seus defensores enfatizam que não há como formar um aluno crítico e questionador sem uma sólida base de informação. Escolas que seguem esse modelo tendem a ser rígidas em relação à disciplina.

Linha Construtivista

O construtivismo nasceu a partir das idéias de Jean Piaget. Sua teoria de aprendizagem chegou ao Brasil na década de 70, quando foram criadas algumas escolas experimentais ou alternativas. Hoje está largamente difundido.

A proposta dá prioridade à forma como o aluno aprende, enfatizando a construção do conhecimento a partir das relações com a realidade. As escolas que seguem essa teoria têm como ponto de partida a criança e os conhecimentos que ela traz consigo, buscando fazer com que esses saberes sejam aprofundados, reconstruídos em diferentes momentos e de diversas formas.

O professor tem o papel de coordenar as atividades, perceber como cada aluno se desenvolve e propor situações de aprendizagem significativas. O conteúdo é importante, mas o processo pelo qual o aluno chega a ele é a prioridade. Seus defensores afirmam que mais importante do que a informação meramente transmitida é saber chegar a ela e estabelecer relações e comparações.

A aplicação dessa teoria tem possibilitado a formação de crianças que vão além do mero conteúdo assimilado. São mais críticas, opinativas, investigativas. Sua disciplina está voltada para a reflexão e auto-avaliação, portanto não é considerada rígida.

Linha Montessoriana

Maria Montessori desenvolveu uma teoria científica do desenvolvimento infantil e elaborou uma linha pedagógica que ganhou força a partir da Primeira Guerra Mundial.

De acordo com a visão montessoriana, a criança deve ser incentivada a desenvolver um senso de responsabilidade pelo próprio aprendizado e o ensino deve ser ativo. É esperado que o aluno, consciente de suas atividades, adquira maior autoconfiança.

Sua concepção está voltada para as atividades motoras e sensoriais: trabalhos, jogos e atividades lúdicas. Propõe uma aproximação do aluno com a arte, a música e a ciência. As escolas que seguem essa linha enfatizam as experiências e o manuseio de materiais para se obter a concentração individual e o aprendizado.

O professor é um guia, um orientador que remove obstáculos à aprendizagem, localiza e trabalha as dificuldades da criança.

As inovações introduzidas pelo método montessoriano estão presentes até hoje em escolas que não seguem necessariamente sua linha: a disposição circular dos alunos, os jogos pedagógicos sempre disponíveis e os cubos de madeira para o ensino da matemática.

Linha Waldorf (antroposófica)

Essa linha pedagógica baseia-se nos ensinamentos do filósofo alemão Rudolf Steiner. Não utiliza materiais artificiais como plástico e aço e evita trabalhar com produtos acabados. Prefere dar à criança um pedaço de madeira para que ela transforme em brinquedo em vez de comprar um já feito pela fábrica.

Suas propostas são baseadas no movimento da criança, na atividade motora. É contra o uso da televisão e a alfabetização antes dos sete anos de idade. Trabalham-se em conjunto, três aspectos do desenvolvimento: o físico, o individual e o social.

Os alunos são agrupados por faixas etárias, pois Steiner acreditava que cada uma tem necessidades básicas a serem atendidas. Para ele, o desenvolvimento acontece em ciclos de sete anos. O professor é um tutor que guia a mesma turma durante esses períodos.

Não há repetência e a relação com a família é intensa. As escolas que seguem essa linha têm princípios mais radicais e esperam dos pais uma postura sintonizada com a filosofia.

(Fonte: site www.clicfilhos.com.br, link: http://www.clicfilhos.com.br/site/display_materia.jsp?titulo=Tradicional+ou+moderno%3F+Voc%EA+decide!#Linha%20tradicional)

 

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Artigo da Roseli Sayão na Folha de ontem

Com postei no meu blog, www.doisembrasilia.blogspot.com, este artigo tem tudo a ver com a Teia Multicultural, lugar onde não precisamos lutar pelo direito de nossas crianças serem crianças e aproveitando, antes, segue o comentário da Katia, mãe da Laura da Turma 4 e do Gabriel da Turma 3, sobre o curso que tivemos na Teia:

O curso na minha opinião foi ótimo e veio de encontro com aquilo que eu buscava desde quando meus filhos iniciaram na Teia. Atendeu  todas as espectativas.Eu tinha muitas dúvidas em relação à proposta da escola, até porque a Laura (minha filha mais velha) veio de uma escola com método tradicional. Na minha cabeça, aqui na Teia eles só brincavam .....Depois do curso concluído pude entender tudo, realmente eles brincam “muito”, mas brincam aprendendo e se desenvolvendo!!! Estou muito feliz e agradecida à escola de ter dado esta oportunidade aos pais que puderam participar

Kátia
mãe da Laura e do Gabriel

ROSELY SAYÃO

Luta pela infância


[...] CRESCE O NÚMERO DE PAIS QUE LUTAM PARA MANTER A INFÂNCIA DOS FILHOS

Já constatamos que a infância está em franco declínio. Crianças da classe média têm hoje uma agenda lotada de compromissos, sofrem pressão para aprender cada vez mais cedo e têm pouco tempo e espaço para brincar. Crianças pobres trabalham e assumem responsabilidades precocemente.
Modos diferentes de entrar cedo demais no mundo adulto, mas muito semelhantes na consequência que produzem: a perda dessa fase da vida. Com isso, crianças pequenas carregam o fardo do contato com as mazelas dos adultos.
Colocamos muito cedo na vida de nossas crianças o consumo e a noção de economia, a competição acirrada, a responsabilidade de fazer escolhas e de arcar com elas, a vida individual como valor máximo e outros aspectos de nossa cultura.
Isso sem falar em todos os dramas e nas pequenas e grandes tragédias de nossa sociedade.
Nossa intenção parece ser nobre: preparar os filhos para o futuro que enfrentarão e inseri-los por completo no mundo em que vivem. Mas, se lembrarmos que essas questões tornam a vida de um adulto complexa e tensa, precisamos reconhecer que, para as crianças, isso é elevado à potência máxima.
Entretanto, é bom saber que é possível resistir a esse movimento e que há pais que têm enfrentado essa batalha com convicção e coragem. Aos meus olhos, cresce vagarosa, mas progressivamente, o número de pais que lutam para manter a infância dos filhos.
É significativo o grupo de pais que não procuram escolas que ensinam as crianças a escrever desde os três anos e a aprender, ao modo adulto, conteúdos de disciplinas do conhecimento. Esses pais querem escolas com professores capacitados a acompanhar as brincadeiras dos filhos e a conduzir com qualificação o processo de socialização.
Do mesmo modo, muitos pais já não hesitam em privar os filhos de objetos inúteis a eles, mesmo quando estes insistem. Sabem dizer, com firmeza, que o filho não precisa daquele tipo de calçado, tampouco de mais um brinquedo só porque todos os colegas têm.
Há, inclusive, pais que se negam a sustentar um mercado que tem como alvo as crianças e um estilo de vida. Recentemente, testemunhei uma cena deliciosa: uma família celebrando o aniversário do filho, com algumas crianças, em uma praça da cidade. Eles conseguiram sair do círculo do aniversário comemorado com grande festa em bufê, com dezenas de crianças e sem parentes adultos.
E há os que seguram os filhos na infância até perto dos 12 anos sem dar a mínima para essa bobagem de "pré-adolescente". As crianças não vão a festas sozinhas, não viajam com adultos que os pais mal conhecem, não frequentam shoppings sem responsáveis os acompanhando, não têm acesso às mídias sem tutela, por exemplo.
Esses pais sabem que pagam um preço por tal resistência: além de estarem muito mais atentos aos filhos, precisam bancar os conflitos que surgirão. Mas eles sabem que prestam um excelente serviço à sociedade e ao nosso futuro. 


ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)

rosely.sayao@grupofolha.com.br

blogdaroselysayao.blog.uol.com.br

História dos Métodos de Alfabetização no Brasil, baseado em texto de Maria Rosário Londo Mortatti

por Duva Mira

mãe do Rafael, Turma 2M


De acordo com a pesquisadora Maria Rosário, podemos dividir em 4 momentos:

1 - A metodização do ensino da leitura

Se estende até o início da década de 1890, quando tem início uma disputa entre os defensores do "método João de Deus" e os que continuavam a defender e utilizar os métodos da soletração, fônico e da silabação. Com essa disputa, funda-se uma nova tradição.

2º - A institucionalização do método analítico

Envolve enfaticamente questões didáticas, ou seja, o como ensinar, a partir da definição das habilidades visuais, auditivas e motoras e a quem ensinar. ensino da leitura e escrita passa a ser tratado, então, como uma questão de ordem didática subordinada às questões de ordem psicológica da criança.

3º momento - A alfabetização sob medida

Vai até o final da década de 70, fundando uma outra nova tradição no ensino da leitura e da escrita: a alfabetização sob medida. Neste método, o como ensinar está subordinado à maturidade da criança a quem se ensina e as questões de ordem didática continuam subordinadas às de ordem psicológica.

4º momento- Alfabetização: construtivismo e desmetodização

Vigora até hoje e funda uma outra nova tradição: a desmetodização da alfabetização, decorrente da ênfase em quem aprende e o como aprende a Língua escrita. Com isto, se gerou um certo silenciamento a respeito das questões de ordem didática e criou-se um consenso ilusório de que a aprendizagem independe do ensino.

A autora ainda menciona, dentre uma multiplicidade de aspectos, as discussões e propostas em torno do letramento, entendido ora como complementar à alfabetização, ora como diferente desta e mais desejável, ora como excludente.

Devemos ressaltar que qualquer discussão sobre os métodos de alfabetização que se queira rigorosa e responsável não pode desconsiderar o fato de que um método de ensino é apenas um dos aspectos de uma teoria educacional relacionada com uma teoria do conhecimento e com um projeto político e social.


sábado, 21 de março de 2009

O que nossos filhos dizem...

É muito interessante observarmos a fala de nossos filhos, sobre a escola, sobre o aprendizado etc.
Neste espaço, convidamos a todos os pais contribuirem com lembranças destes discursos:

“ Logo que completou 2 anos a Sophia tirou a fralda (já estava na Teia). Quando ia ao banheiro, levava sempre uma revistinha. Numa destas vezes, veio correndo me mostrar: - Mamãe, mamãe...olha a minha “colinha” aqui!! Era um anúncio da Teia na revista Daqui Perdizes.”

Sandra. Mãe da Sophia- T2B

A Sophia sempre teve um interesse espontâneo por livros. Certa vez, ela pegou um livro da Bela Adormecida e disse: - Mamãe, me ensina ler! E eu disse:.-Filha, logo logo você vai aprender na escola! E ela: Nãooo Mãeee! Agora, me ensina! Eu quero ler agora!

Sandra, mãe da Sophia T2B

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O começo

Escolher a escola ideal para nossos filhos não é uma tarefa fácil. As dúvidas e questionamentos são muitos. E além de nossas projeções, nossos desejos, ainda temos os da família e de toda a sociedade.Os métodos são muitos: tradicional, construtivista, sócio-construtivista, waldorf, uma infinidade de nomes que, na maioria das vezes, é desconhecida para os pais. E, se não vamos a favor da maré, naquela escola já conhecida, tradicional, onde sempre temos sobrinhos, amigos que estudaram, as dúvidas se tornam ainda maiores.Escolher uma escola que privilegia valores diferenciados é um grande passo a favor da educação de nossos filhos. Vê-los construindo o conhecimento de forma autônoma, junto com os seus professores, e não com o conhecimento vindo apenas numa hierarquia, de mestre para aluno, é um desafio muito grande, para as crianças e para nós pais.Talvez um dos momentos mais difíceis seja o da alfabetização. Enquanto estão só brincando, aparentemente, parece que é mais fácil lidar com a ansiedade do futuro. Mas, quando chega o momento tão esperado do mergulho no mundo da leitura e da escrita, os questionamentos se intensificam.Acho que todos nós, pais da Teia, procuramos a escola pela sua proposta diferenciada, aliada às artes e ao autoconhecimento, mas, bem poucos de nós sabemos exatamente de que forma o aprendizado, neste contexto, acontece.Por isto, quando recebemos a notícia de que seria oferecido um curso para mostrar aos pais de que forma nosso filhos estão sendo alfabetizados, vimos uma oportunidade única de vivenciar este momento.E nos unimos, pais de alunos que estão sendo alfabetizados ou que ainda levarão tempo para isso ou, ainda, que já passaram por esta fase para aprendermos juntos. E voltamos à sala de aula... E o mais interessante, na escola de nossos filhos.