((depoimento da Heloisa)
"Logo que soube do curso, tive certeza de que queria fazer. Nem questionei se era o momento ou não, se era cedo ou não... Eu sempre tive interesse pelas Línguas e, conseqüentemente, pelo processo de aprendizado delas. Retomei a faculdade de Letras, Português (depois de uns anos trancada por conta da gravidez e da maternidade) e, não só por isso, tudo o que é relacionado, principalmente à nossa Língua, me atrai naturalmente.
No começo da faculdade, cheguei a trabalhar como voluntária numa creche da prefeitura, justamente com aulas de reforço para as crianças com dificuldades na fase de alfabetização. A pedagoga respondável por essas aulas seguia a linha da Emilia Ferrero. Eu era muito menina na época e nem me aprofundei muito no conhecimento teórico do assunto. Acabei largando o voluntariado, mas a experiência me marcou bastante, também pela percepção de que o processo de alfabetização é algo muito complexo, que envolve o caminho de cada criança, as particularidades que cada uma delas carrega e que, portanto, é algo a ser tratado com muito cuidado, atenção, curiosidade, carinho.
Acho que mesmo se eu não fosse mãe, em algum momento eu teria a vontade de saber mais sobre esse assunto. Sendo mãe, tenho a certeza de que tudo o que recebemos de informação nessas aulas, tudo o que trocamos, discutimos e refletimos, continuará comigo daqui pra frente e durante todo o processo de alfabetização/letramento da minha filha. E ter feito o curso nesse momento, sem dúvidas me proporcionará uma visão muito mais ampla e profunda desse processo.
Além do que, acredito que passarei a enxergar o mundo das letras e das palavras de uma forma nova, ainda mais especial do que já enxergava...".
PROPOSTAS PEDAGÓGICAS MAIS COMUNS NAS ESCOLAS DE HOJE
por: Heloísa Vianna
mãe da Ana, Turma 1
(trecho do texto de Norma Leite Brandão, Pedagoga e Educadora da VERCRESCER assessoria educacional)
Linha Tradicional
Essa proposta de ensino privilegia o conteúdo. É centrada na figura do professor, encarregado de transmitir o conhecimento. O aluno é um elemento passivo, que recebe e assimila o que é transmitido.
O seu sistema de avaliação mede a quantidade de informação absorvida. A ênfase está na memorização e na reprodução do conteúdo por meio de exercícios. Privilegia a preparação para o vestibular desde o início do currículo escolar.
Essa linha de ensino difundiu-se no século XVIII, a partir do Iluminismo, e tinha por objetivo universalizar o acesso do indivíduo ao conhecimento. Foi considerada não-crítica e ultrapassada nas décadas de 60 e 70, mas ainda tem prestígio. Seus defensores enfatizam que não há como formar um aluno crítico e questionador sem uma sólida base de informação. Escolas que seguem esse modelo tendem a ser rígidas em relação à disciplina.
Linha Construtivista
O construtivismo nasceu a partir das idéias de Jean Piaget. Sua teoria de aprendizagem chegou ao Brasil na década de 70, quando foram criadas algumas escolas experimentais ou alternativas. Hoje está largamente difundido.
A proposta dá prioridade à forma como o aluno aprende, enfatizando a construção do conhecimento a partir das relações com a realidade. As escolas que seguem essa teoria têm como ponto de partida a criança e os conhecimentos que ela traz consigo, buscando fazer com que esses saberes sejam aprofundados, reconstruídos em diferentes momentos e de diversas formas.
O professor tem o papel de coordenar as atividades, perceber como cada aluno se desenvolve e propor situações de aprendizagem significativas. O conteúdo é importante, mas o processo pelo qual o aluno chega a ele é a prioridade. Seus defensores afirmam que mais importante do que a informação meramente transmitida é saber chegar a ela e estabelecer relações e comparações.
A aplicação dessa teoria tem possibilitado a formação de crianças que vão além do mero conteúdo assimilado. São mais críticas, opinativas, investigativas. Sua disciplina está voltada para a reflexão e auto-avaliação, portanto não é considerada rígida.
Linha Montessoriana
Maria Montessori desenvolveu uma teoria científica do desenvolvimento infantil e elaborou uma linha pedagógica que ganhou força a partir da Primeira Guerra Mundial.
De acordo com a visão montessoriana, a criança deve ser incentivada a desenvolver um senso de responsabilidade pelo próprio aprendizado e o ensino deve ser ativo. É esperado que o aluno, consciente de suas atividades, adquira maior autoconfiança.
Sua concepção está voltada para as atividades motoras e sensoriais: trabalhos, jogos e atividades lúdicas. Propõe uma aproximação do aluno com a arte, a música e a ciência. As escolas que seguem essa linha enfatizam as experiências e o manuseio de materiais para se obter a concentração individual e o aprendizado.
O professor é um guia, um orientador que remove obstáculos à aprendizagem, localiza e trabalha as dificuldades da criança.
As inovações introduzidas pelo método montessoriano estão presentes até hoje em escolas que não seguem necessariamente sua linha: a disposição circular dos alunos, os jogos pedagógicos sempre disponíveis e os cubos de madeira para o ensino da matemática.
Linha Waldorf (antroposófica)
Essa linha pedagógica baseia-se nos ensinamentos do filósofo alemão Rudolf Steiner. Não utiliza materiais artificiais como plástico e aço e evita trabalhar com produtos acabados. Prefere dar à criança um pedaço de madeira para que ela transforme em brinquedo em vez de comprar um já feito pela fábrica.
Suas propostas são baseadas no movimento da criança, na atividade motora. É contra o uso da televisão e a alfabetização antes dos sete anos de idade. Trabalham-se em conjunto, três aspectos do desenvolvimento: o físico, o individual e o social.
Os alunos são agrupados por faixas etárias, pois Steiner acreditava que cada uma tem necessidades básicas a serem atendidas. Para ele, o desenvolvimento acontece em ciclos de sete anos. O professor é um tutor que guia a mesma turma durante esses períodos.
Não há repetência e a relação com a família é intensa. As escolas que seguem essa linha têm princípios mais radicais e esperam dos pais uma postura sintonizada com a filosofia.
(Fonte: site www.clicfilhos.com.br, link: http://www.clicfilhos.com.br/